quinta-feira, 29 de maio de 2008

Deixe tudo para depois

Por indicação de um certo Machiavelli, conheci a procrastinação estruturada. Eu recomendo a leitura do original, mas como sei que grande parte dos meus leitores vai provar a teoria do sujeito ao deixar para ler depois, comento aqui os highlights do texto. A idéia básica é a seguinte: mesmo o mais convicto procrastinador do mundo pode dar cabo às suas tarefas. Basta organizá-las em um hierarquia e, como é de sua natureza, realizar as menos importante a fim de evitar as mais importantes. Nos diz John Perry, um respeitado professor universitário, que o procrastinador não é aquele que não faz nada.

Eles fazem coisas úteis às margens, como cortar a grama ou apontar lápis ou montar um diagrama de como vão organizar os seus arquivos quando forem organizá-los. Porque o procrastinador faz isso? Porque são maneiras de não fazer coisas mais importantes. Se tudo que o procrastinador tivesse para fazer no mundo fosse apontar um lápis, nenhuma força na Terra poderia forçá-lo a isso.

Logo, o jeito de terminar aquele trabalho que está sendo adiado há dias é assumir um trabalho mais importante. Assim, o procrastinador fará o menos urgente apenas para evitar chegar no topo da lista de hierarquias. E, como fica, aliás, o topo da lista de hierarquias, com tarefas que nunca se cumprem? Dr. Perry tem a resposta.

O tipo ideal de coisas [para figurar no topo da lista] tem duas características. Primeiro, elas parece ter um prazo claro (mas na verdade não o tem). Segundo, elas parecem terrivelmente importantes (mas na verdade não o são). Por sorte, a vida abunda com tarefas deste tipo. Nas universidades, a vasta maioria das tarefas cai nessa categoria, e eu tenho certeza que isso vale para a maior parte de outras grandes instituições.

Um exemplo prático: escrevo este post apenas para evitar a revisão de sete tabelas de análise. Tarefa que eu deveria ter feito lá pelo dia 5 de maio. É provável que em breve eu revise-as de fato, para não precisar ir atrás de referências bibliográficas que eu há muito perdi em papéis flutuantes. Eventualmente, alguma coisa será mais importante que tudo isso junto, e aí eu me formo.

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