quinta-feira, 24 de julho de 2008

Eu me rendo

Costumo ficar no meio termo entre o grupo que está por dentro de todas as febres do YouTube, seriados e celebridades e o grupo que acredita que o Orkut é o último grito no mundo virtual ou acha que a Luana Piovani ainda namora o Rodrigo Santoro. Em outras palavras, eu sei que existe a dança do quadrado, mas nunca tive saco para assistir; conheço a premissa de Lost, mas não me interessa quem tá pegando quem (ou, no caso, quem viaja no tempo para quando); lembro que houve uma mulher com dificuldades para dizer sanduíche; me ressente um pouco que exista um sujeito no mundo sendo pago para, durante 15 minutos diários, falar na MTV o que a gente fala todo dia sem audiência, e é apenas até certo ponto que eu acho engraçado pedir para alguém, que obviamente não consegue, repetir que as árvores somos nós. Mas tem uma dessas febres idiotas que conquistou o meu afeto e fica melhor a cada dia. Twitter do fake Vítor Fasano? Acompanho.

quarta-feira, 23 de julho de 2008

Das linhas da tua mão

Não importa se o mundo estiver caindo, e mesmo que geralmente esteja, faz bem ouvir as canções de amor. Nei Lisboa e Ná Ozzetti cantaram muitas hoje à noite, e foi tão bonito, tão difícil de descrever com qualquer outra palavra que não "bonito", que se tornou impossível lá pela metade do show não sentir uma vontade do tamanho do peito de sair correndo do teatro e desenfreadamente se apaixonar por alguém, sufocar de amor, escrever as cartas ridículas de amor, morrer todas as mortes do amor, segurar com força uma mão e dizer vamos e, então, sem planos, ir.

terça-feira, 22 de julho de 2008

Drexler ontem

Comentei lá no blog do CineSemana a apresentação do Drexler que vi ontem. Jorge (para os íntimos) entrou correndo no palco e, logo antes de sentar no seu banquinho, tropeçou no próprio violão. E a partir daí, os primeiros três segundos de show, ele tinha a platéia na mão. Há qualquer coisa de muito cativante em ver um homem de grande talento agir como um reles mortal. Não bastasse o tropeço, Drexler se enroscou nos fios da guitarra, se perdeu nas partituras, foi obrigado a catar os óculos do chão para enxergar uma letra do Vítor Ramil que não sabia de cor. São coisas que, por breves instantes, nos colocam no mesmo patamar que ele, e deve ser por isso que a platéia aplaudia a cada pequena demonstração de falha humana. Nós não sabemos compor, não sabemos cantar, não sabemos misturar eletrônico e milonga, mas também podemos ser bons em tropeçar e perder os óculos. É a única explicação que vejo para o fato de Jorge Drexler se tornar simpático em ser um desastrado, enquanto qualquer outra pessoa seria, apenas, um desengonçado.

Não que ele não mereça nosso afeto. Não bastasse a boa música, o sujeito é realmente simpático, bem humorado e tagarela. Eu levava fácil para uma mesa de bar ou um almoço em família. Se Vítor Ramil viesse de brinde, melhor ainda.

PS: Eu hesitei muito em comentar, porque me lembra a fatídica monografia, mas acho que está na hora de aceitar que Paisagens Sonoras para sempre farão parte do meu repertório de assuntos. Então que Jorge Drexler e sua excelente dupla de técnicos de som colecionam paisagens sonoras. Diz o uruguaio que eles têm o hábito de carregar um gravador no bolso. Muitas das músicas são pontuadas por barulhinhos diferentes (perceba a precisão na nomenclatura musical), e muitos deles saem dessas gravações feitas em cidades ao redor do mundo. Gostei da idéia, acho que vou adotar. Não sei ainda pra quê, já que estou a anos-luz de compor uma música, mas vai saber, um dia eu posso inventar um livro de sons, de repente.

segunda-feira, 21 de julho de 2008

Questões de pertencimento

Então que faltam uns 20 dias para a formatura e me dei conta hoje, depois de devolver os últimos livros na biblioteca da Fabico porque não me permitem mais renová-los, que em breve estarei incluída na maioria. Não serei mais universitária, não serei desempregada, não serei idosa, mas também não sou mais adolescente, não serei negra, indígena ou nipônica (bem, nunca fui nada disso, é verdade), não serei miserável mas também estou longe da classe alta e não serei estudante de coisa alguma. Fora a óbvia e maior preocupação de não ter mais descontos, vai ser estranho não ter um rótulo imediato. Antes era sempre estudante-jornalismo-ufrgs. Claro, ficará o jornalismo, mas uma profissão não é lá muito um círculo social como é uma faculdade. Não que a Fabico ainda fosse: há horas que não tenho mais aula com meus amigos e vejo-os apenas nos nossos tempos livres. Então, sei lá, estou misturando rótulos com ambientes com coisas que ainda não sei bem definir. No fim das contas, acho que só me dei conta que as coisas não vão mudar, mas ainda assim mudam. Na prática, o que acontece é que não precisarei mais descer a Felipe de Oliveira todas as manhãs. Nas entrelinhas, chegou a rolar uma vontade de ir ser imigrante latina na Europa para pertencer a um novo grupo facilmente identificável. Ou, como disse Juliana Maia, ser preso e integrar o seleto grupo das celas para diplomados.

domingo, 20 de julho de 2008

Sem falar

nas águas de julho encerrando o verão. Mas ok, chega de reclamações por hoje.

Ah, sim

O fato de que Conor Oberst está agora no Santander e eu não também não me deixa particularmente feliz.

be here now

Fico um pouco triste em pensar que minha barraca está no Rio de Janeiro. E eu não.

sexta-feira, 18 de julho de 2008

Muito importante!

É hoje, no Avohai, a partir das 23h, a festa Fabico Acaba em Samba. Porque a Fabico acabou (conosco) para nós e tudo que nos resta fazer é dançar. O ingresso custa amigáveis oito reais. Haverá uma banda que não posso dizer qual é, mas atesto a qualidade. Haverá o DJ Daison na seqüência. Haverá uma série de formandos comemorandos. Haverá uma série de amigos de formandos que não podem negar presença. E haverá toda a alegria de viver. Chegarei tarde, mas lá estarei. Estejam também :)

Cores

Adorei esse negócio do Flickr. Nunca cliquei em nenhuma foto em particular, gosto mesmo é desses mosaicos no resultado.


Minhas cores selecionadas

quinta-feira, 17 de julho de 2008

E passou, nem parou

É verdade. Faz verão e eu me afastei. É que como cantaria Lenine, a rua me chama, eu tenho que ir pra rua. Não adianta. Eu sou dessas pessoas que aponta pro céu e diz, muito admirada, "olha a lua!" como se ela não cumprisse repetitivos ciclos de aparição. Eu mando mensagens para amigos dizendo "olhe a lua". Eu escolho a mesa do Rossi que tem o melhor ângulo para cima. Eu tomo banho mais rápido para sair de casa mais cedo e passar mais tempo debaixo do céu. Ando numa fase muito bobo alegre. Qualquer alecrim da Patagônia me faz sorrir, qualquer sambinha me faz batucar. Até com Kafka ando simpatizando.

O que me leva de volta ao assunto já moribundo do post anterior. Não gosto do texto do Kafka. Gosto das premissas, gosto da crítica, gosto até do nome. Mas não gosto de ler. Até estou dando outra chance com esse Artista da Fome já que DUVIDARAM que eu lesse. Mas sei lá. Acho chato. Eu ia teorizar sobre o assunto, mas ando numas muito mais de vivências que de reflexões, então deixo para outro dia. Com sua licença, vou ali aproveitar os últimos dias de calor.

quarta-feira, 9 de julho de 2008

Notas rápidas

Como minhas plantas têm demonstrado certa estabilidade nas suas existências, este blog agora contará, além dos já comuns posts off-topic, alguma coisa de ficção. Achei que devia avisar. Na real, já teve certa ficção até hoje, você só não sabia ;)

Kafka morreu no dia do meu aniversário. Muitos anos antes que houvesse algum meu aniversário, claro, mas achei curioso. Em todo caso, adoro aniversários. Não gosto de Kafka.

Voltei a ouvir Vanguart. Eu já devo ter recomendado para todas as pessoas que eu conheço, então não vou dizer para você entrar aqui e ouvir todas.

Também não vou dizer que essa música se relaciona com tudo que foi dito até agora. Mas tente responder o que te faz abrir os olhos de manhã.

As loucuras climáticas de Porto Alegre finalmente me afetaram. Só para matar a alegria de dois dias de sol.

terça-feira, 8 de julho de 2008

Liberdade

Hoje encerramos a oficina de escrita criativa que ministramos (cinco colegas e eu) para internos da FASE, ou ex-FEBEM, durante todo o semestre. Poderia escrever alguns quilômetros sobre como foi bom, triste, alegre, recompensador e frustrante ao mesmo tempo, mas não vou. Deixo apenas o resultado prático final das aulas, que reúne alguns textos que produzimos em aula em um fanzine. São poucos, considerando a quantidade total que tínhamos. Se não me engano, todos ali foram escritos pelos guris da FASE. Deixamos os nossos de fora e entramos com algumas das colagens e os desenhos de palitinhos.

Espero que o resultado prático dê algum noção dos resultados impalpáveis. E espero que eles não se esmaguem pela dureza da vida, o que vale tanto para os nossos alunos quanto para nós, ministrantes.

Em estado vegetativo


Imagem enviada pelo Macki, a.k.a meu mais novo companheiro de projetos-que-assumimos-no-amor-e-nunca-nos-darão-dinheiro. Claro que senti uma conotação acusatória na foto, mas relevei. Verdade que me deu a ótima idéia de colocar um cubo de gelo na terra, aí nunca mais derramaria água regando a Violeta, o que acontece com muito mais freqüência do que você poderia supor e eu poderia suportar porque, francamente, há um limite de vezes para a quantidade de repetições de um erro idiota que uma pessoa pode cometer e eu já extrapolei o limite aceitável para o mau cálculo de ângulo entre um copo d'água e um vaso de flor. A foto saiu daqui, de uma série chamada Melting Words. Boas imagens, muita choradeira por um coração partido.

Um Pé de Quê?

Acompanhar o crescimento (ou a lenta morte) de uma planta não é uma idéia original. Regina Casé faz coisa parecida, ainda que muito melhor, no programa Um Pé de Quê? no canal Futura, como me indicou o Menezes, o homem com 100% de aproveitamento de indicações, ainda que o Tetris 3D tenha seriamente ameaçado a realização da minha monografia.

Um Pé de Quê? é um programa sobre árvores. Só vi um episódio até agora, sobre a Mangabeira. É difícil explicar porque é tão bom de ver. Em parte é pela própria árvore (a mangabeira é incrivelmente frondosa e grande para algo que nasce na areia); em parte pela vontade incalculável de experimentar uma mangaba; em parte pelos personagens que a Regina encontra no meio do nada (apareceu uma menina de seis anos que deve ser simplesmente a pessoa mais querida do mundo); em parte pela contextualização histórica de tudo (houve um tempo que a seiva da mangabeira foi comprada às toneladas pelo Estados Unidos para fazer papel); em parte pelo quanto é singelo dedicar meia hora de programação a uma árvore e seus frutos.

Veja sábados às 16h30, domingos, às 19h ou segundas, às 16h. Ou, melhor ainda, entre aqui e faça o Futura te mandar um e-mail avisando.

sexta-feira, 4 de julho de 2008

Três coisas que eu teria fotografado se andasse com uma máquina

A maior lesma do mundo. Juro. Na calçada na rua Vítor Hugo, em frente a uma clínica de Ortopedia. A maior lesma do mundo.

Na Miguel Tostes, escrito em vermelho na calçada:

JESUS
BREVE
VOLTAREI

Me pergunto muito se está escrito no sentido de Jesus [dois pontos] [travessão] Breve Voltarei. Ou se é mais um aviso do tipo "Jesus, te prepara, tô chegando". Ou ainda, se não é nada religioso e o nome do filho de Deus é apenas uma exclamação "Jesus! Breve voltarei". Muitas dúvidas.

Três homens, ontem à noite, no telhado de um prédio do bairro Petrópolis, andando em círculos no meio da neblina.