Diogo me olha do alto de seu cigarro, sentado em cima da mesa de jantar, e balança as pernas, uma de cada vez, para frente e para trás. Ele inventa uma coceira na coxa direita para ter o que fazer com a mão e solta a fumaça pelo nariz. Parece um búfalo ao fazê-lo. Eu estou sentada no chão, à sua frente, e começo a fuçar entre os dedos do pé na esperança que dali surja algum assunto, como “veja, acho que peguei frieira na aula de natação”. Mas não há fungos, não há distração, apenas Diogo que me olha do alto de sua fumaça – o cigarro está amassado ao lado da coxa – sem conseguir decidir que reação me apresentar.
Começo de um texto que nunca finalizei. Na dúvida do que fazer com ele (terminá-lo parece tão irreal no momento), deixo aí para o caso de alguém querer continuar, mandar uma idéia, transformar num poema dadaísta, etc, etc, etc.
3 comentários:
Achei muito legal a citação ao búfalo, especialmente pelo modo 'cru' que ela entra no texto. Bem bacana, minhas metáforas são sempre mais rebuscadas, e provavelmente funcionem bem menos =P
Acho que alguém tem que bater na porta. Não sei quem, nem imagino para o quê: apenas li o início de texto e pensei "bah, é como se alguém fosse bater na porta nesse exato momento". Tudo bem, tentei ajudar, ao menos ;D
espero novidades do teu cactos.
me perguntaram se eu ando cuidando do meu. respondi que sim, não toquei nele.
isso está certo?
o conflito nesse texto, obviamente, é qual atitude tomar com relação ao cacto. o dilema entre molhar ou não realmente provoca esse clima tenso.
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